segunda-feira, setembro 19, 2005

Medíocre Bad Guys?

Conversamos por aquela rua abaixo despreocupados, independentes. O Mundo é nosso e sabemo-lo. Tivemos sorte, foi-nos dado algo… somos dotados, temos aquela magia, aquele poder para mudar o que nos rodeia e tornar este globo um lugar melhor – como tu tanto gostas de dizer. Somos felizes e discutimos ideias, sinceramente irrelevantes, que pensamos que nos aperfeiçoarão. Idealizas e concretizas, sempre será assim. Passamos aquela estrada movimentada, tu pela passadeira como sempre fazes, e chegamos ao nosso destino. Uma loja de Molduras Rápidas que ainda tem 062 no contacto, como eu sempre saliento apenas para brincar contigo. Olho para ti e tu para mim, com aquele ar de satisfação que tu sempre acarretas. “São só três meses, puto. No Natal a gente vê-se!” dizes tu. “Só…”, confirmo. Já tinha pensado neste momento, admito. Com lágrimas nos olhos, talvez. Mas não desta vez. Elas queriam sair mas tentei ser forte. Dei por nós a falar de coisas sem interesse e a evitar aquele “Curto-te bué, puto” ou aquela lágrima que tanto apetecia. Não é todos os dias que se conhece alguém como tu… Essa tua mistura de Inteligência Brilhante com Sentido de Humor e um pouco de Loucura… Esta nossa amizade que não se mantêm pela frequência mas sim pela intensidade, indescritível. E a mim, sempre tive uma palavra para tudo, e faltou-me a expressão para descrever o sentimento. Demos um abraço amigo e discutimos mais uma vez pormenores desnecessários. Perguntei-te as horas e relembrei a minha aula de Português, pedindo-te pela enésima vez para me acompanhares à escola apenas para estar mais uns meros minutos contigo. Mais uma vez recusaste. “Tenho muito que fazer, puto” afirmas. Depois de mais um aperto de mão, desejo-te boa viagem e parto com tanto sentimento dentro de mim que gostava de ter tido coragem para exteriorizar…

Ruben Maia, que enfrentas a vida com um sorriso e são pessoas como tu que nos fazem perder a vontade de cagar nesta merda toda e abandonar os amigos. E pela tal lágrima, que realmente saiu, ao reler este texto…

2 comentários:

Anónimo disse...

O vosso blog está simplesmente divinal! Dos poucos blogs aos quais me dediquei a ler tds o posts :P parabéns e continuem, pelo bem estar mental de kem lê isto xD ******

barbAs disse...

Há uma lágrima. E essa lágrima, daquelas teimosas que fica no olho, é a lágrima de uma despedida dificil. Sabes, ontem quando cheguei a casa, olhava o chão do quarto com tudo o que preciso levar, os 40 quilos dos quais só 20 vão poder embarcar, pensei: O chico foi uma despedida dificil. Pensei: o chico é um gajo porreiro. Pensei, pela primeira vez, confesso: o chico é boa pessoa.
São essas tardes despreocupadas que ficam. É esse sentimento de que, se apenas quisessemos, podiamos desbravar os segredos do mundo, e o mistério das coisas. Mas o Caeiro és tu. "Mistério é haver quem pense nisso.".
No lugar da metafísica a cuscovilhice saudável, a mexeriquice sem má intenção. Mas nos olhares e nos gestos sempre o soubemos. Há qualquer coisa por descobrir. Tu vives, e sabes que pensar nisso é falhar a vida. Eu finjo viver e, ridículo, penso, excepto nessas tardes de libertação sã, que falhar a vida é tudo o que a vida requer.
"Um gajo não é feliz por acaso, tem de fazer por isso, porque tudo o que sempre nos ensinaram foi tudo o que não nos faz feliz...Então temos e agarrar e fazer o nosso caminho de maneira a curtir vida.è tudo simples se não complicarmos"
As tuas palavras continuam a ser uma luz quando não sei bem como atingir o sorriso. Eu sei que vai chegar lá, nunca vi ninguém lutar de maneira tão certa pela felicidade.
Os elogios só posso agradecer com rubor na face, e a pena daquela bebedeira que não chegámos a apanhar. O mundo é um sítio melhor com a tua presença, e quem não vir isso em ti, nunca te chegou a ver.

Abraços que a distância não dilúi.